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Sempre ouvi dizer que as escolas públicas dos Estados Unidos eram exemplares. Escola particular aqui era coisa de preguiçoso, quem não queria saber de estudar..MAS...Escola aqui nesta região onde eu moro é uma coisa complicada, além de ser bem diferente do que eu estava acostumada..
A começar pelo ano letivo que começa em Setembro e termina em Junho. As férias escolares são da segunda quinzena de Junho até a segunda quinzena de Setembro, ou seja, 3 longos meses de férias!
Pra compensar tanto tempo em casa, existem os "Summer Camps", que para crianças funciona como uma escola, elas vão, tem atividades e depois voltam pra casa. Existem os "particulares", mas a prefeitura de Seattle tb oferece, no entanto, não é de graça, pelo contrário, eu diria que tem um preço até "salgado"!
Para não dizer que não tem férias no final do ano, existe o "Winter break", que é uma pausa de uma semana na semana do natal e ano novo, depois tem o "Spring Break" e só!
No ano que chegamos aqui a Anna ainda tinha 4 anos, não tinha idade para ir para o Kindergarten, que seria a pré escola do Brasil, e antes do kindergarten é o Pre-k que não tem na rede pública.
Como a Anna não é o tipo de criança que pode ficar em casa só com as brincadeiras tradicionais, optamos por pagar um ano de escola particular pra ela. Isto seria importante não só por ela ter atividades durante o dia, mas para fazer novos amigos e melhorar o inglês dela.
Passado o ano do Pre-k, chegou a vez do kindergarten, que já está disponível na escola pública. Só que...
Aqui a criança só pode frequentar a escola pública do distrito escolar onde ela reside. Por exemplo, a Anna só poderia frequentar as escolas públicas do distrito escolar que engloba South Lake Union, que é o bairro onde moramos. Diferente do Brasil que morávamos na Penha e ela estudava no Tatuapé..
O problema é que a escola primária do distrito escolar que moramos tem a avaliação muito baixa. A Avaliação era 2 de 10, recentemente a avaliação subiu um pouco, mas foi pra 4 de 10.
Muitas crianças problemáticas frequentam a escola então preferimos manter ela em uma escola particular mais este ano.
Encontramos uma escola Waldorf perto de casa, nos interessamos pelo método e de início, a Anna ficaria somente 1 ano nesta escola, mas, eu estou tão encantada com a escola e com os benefícios que estou vendo na Anna que não tenho vontade nenhuma de tirar ela de lá!
Aquela criança super agitada, que não tirava soneca a tarde desde os 2 anos, ficou mais calma, dormindo de 45 à 60 minutos a tarde e indo para a cama cedo. Quem conheceu a Anna pessoalmente sabe que isto é um milagre!
Minha vontade é realmente manter a Anna na escola Waldorf o máximo possível!
Os pais normalmente são bastante participativos na escola, pelo menos na escola que a Anna frequenta. As mães sempre se organizam para arrumar o jardim da escola, levantar fundos para consertar algo que está precisando de reparo, ajuda a professora caso ela precise de algo. Acho isto bem legal, ajuda a manter os pais bem mais próximos à escola, o que pra mim é bem importante!
Outra coisa diferente do Brasil é que não existe período escolar na parte da tarde, Não que comece e termine a tarde, eles sempre começam de manhã e terminam a tarde. Isto foi um pouco ruim porque a Anna não funciona muito bem na parte da manhã!
Enfim, são tantas coisas que eu já aprendi e tantas outras que ainda preciso aprender..O importante é que gostamos e que estamos curtindo muito tudo o que estamos vivendo!
Se vcs quiserem saber de algo em especial, tem curiosidade de saber sobre alguma coisa da vida aqui nos Estados Unidos, me mande um email (na caixinha ali do lado!) ou me adicione no snapchat (aline_milanez) e fale diretamente comigo! Vou adorar responder suas perguntas!
Até a próxima!!

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Tem uma parte sobre morar no exterior que ninguém fala.. A parte em que sentimos (muita) falta da família..
Sempre escuto dizer "sorte sua morar nos Estados Unidos", mas, acho que quando a pessoa fala isto, ela provavelmente pensa mais nas possibilidades financeiras que morar aqui significa. Só quem mora fora, e está longe de todo mundo sabe o que é estar longe de todo mundo!
Família é tudo igual, tem sempre aqueles momentos de "pega pra capá", briguinhas, coisas que nos desanimam, mas no final, todo mundo se ama, todo mundo quer estar perto, tocar, conversar...
Particularmente a parte que mais dói em meu coração (e a que mais me faz sentir culpada), é a parte em que a Anna cresce, se desenvolve longe dos avós, dos tios..Cada nova etapa da vida dela e que não pode ser compartilhado pessoalmente com a família, é uma pontada no meu coração!
É óbvio que a nossa qualidade de vida aumentou infinitamente mas, tudo tem seu preço e uma coisa não compensa a outra, ter qualidade de vida não alivia o fato de estarmos longe da família. Serve no mínimo de conforto, mas jamais compensa a falta que todos fazem.
Meu avô era português, deixou Portugal com 18 anos, uma viagem longa de navio, recomeço difícil e uma vida de muitas privações. Naquela época o correio demorava meses para entregar uma carta e ir visitar a família ou a família ir visitá-lo era algo fora de cogitação. É nisto que eu penso quando sinto que meu coração vai despedaçar de saudade. Minha mãe está ha um facetime de distância. Tem sempre o whatsapp que me possibilita falar com meus irmãos, minhas primas, minhas tias.
Uma vez eu li um artigo maravilhoso da Ruth Manus, no blog do estadão (clique AQUI caso nunca tenha lido. Ela sintetiza perfeitamente tudo o que um expatriado sente, aprendemos a ser filhos pelo skype, ver as crianças crescerem por vídeos (...) engolir o choro e seguir em frente.
Ela diz: "O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado." e termina com duas palavras que nunca fizeram tanto sentido na minha vida "Keep Walking".. E isto é exatamente o que seguimos fazendo..

Um ano atrás, era esta a visão que tínhamos. Era naquela cidade que iríamos recomeçar a nossa vida do zero..ou talvez menos que isto!
Costumo dizer que chegamos em Seattle - WA com 6 malas contendo nosss pertences e 1 de ilusão. Já havíamos visitado os EUA algumas vezes, mas foi a passeio. Viver aqui é completamente diferente e só descobriríamos isto 2 semanas depois.
Recomeçar não foi fácil, e nem difícil demais a ponto de nos fazer desistir, eu diria que foi um comecinho "desafiador". Ainda no Brasil nós alugamos um apartamento, ficamos com receio de nos mudarmos várias vezes em um período curto de tempo e nossa filha sofrer demais com isto..

Quando chegamos, o prédio nos pareceu bem simpático, quando eu entrei no apartamento, logo de cara eu já não gostei do que tinha visto. Não sei explicar exatamente o que foi que eu não gostei, me incomodei com o tamanho, com o carpete, e com a falta de janelas e luminosodade que iria ser um fator crucial para a nossa mudança dois meses depois!

Tenho poucas fotos daquele lugar, mas esta pode ilustrar bem o que quero contar.. esta caneca estava em um beiralzinho da janela da sala..atrás dela, onde tem a setinha vermelha, era uma parede enorme, de um prédio comercial que tinha ao lado.. Esta parede impedia que a luz do dia entrasse no apartamento, então, a luz precisava ficar acesa o tempo todo, caso contrário, certamente iríamos topar em alguma coisa, tamanho escuro que ficava.
Esta época do ano aqui em Seattle costuma escurecer bem cedo, 4:30 da tarde já está um breu total, agora imaginem como nosso corpo reagiu a tudo isto!
Dentro de casa era escuro, a luz que tínhamos era artificial, do lado de fora, o dia era cinzento e a noite chegava logo..Eu achei que era história de gente fresca mas não, não ter luz natural parece que confunde nosso organismo, eu sentia sono o dia todo!
E aquilo que estava ruim ainda iria piorar.. A Sofia, minha cachorra, é acostumada a fazer xixi no tapetinho higiênico.. Isto é bom e ruim, bom porquê ela só (deveria) fazer xixi no tapetinho e ruim porque todo tapete é tapete de fazer xixi.. Lembra que eu falei que eu não tinha gostado do carpete do apartamento?! Então, em pouco tempo ele virou um grande, enoooorme tapetinho de xixi pra ela! Precisamos pedir pra tirarem o carpete, parte do problema resolvido. Faltava agora o problema do barulho!
Minha saga com vizinhos de cima é de longa data, mas desta vez a coisa foi pior! Meu apartamento era embaixo de 3 micro apartamentos, que eles chamam de "studio". Um vizinho era tranquilo, mas os outros dois eram infernais!
Um deles era chef de um restaurante, chegava em casa as 2:30 da manhã e literalmente trotava dentro do apartamento até 4:30! O outro (ou outra!) era algum tipo de super herói que conseguia fazer a cama bater na parede (se é que vcs me entendem!) por horas! Hoje eu dou risada disto tudo, mas na época eu fiquei incríveis 2 semanas dormindo 1 ou 2 horas por dia! Fiquei num estado deplorável!
Precisei tomar remédio para conseguir regular meu sono e quando isto aconteceu, consegui convencer o marido a mudar daqui!
Como eu disse, o comecinho foi bem desafiador, mas conseguimos, superamos e aqui estamos!

Seattle é uma cidade linda, longe pra caramba, mas com muita coisa boa para oferecer, considero que somos, principalmente meu marido, vencedores, por termos conseguido passar por todos os desafios iniciais de uma grande mudança!
Espero ver vocês por aqui para acompanhar o meu diário de bordo!
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